Louca, vegetariana, filósofa, poetisa e cozinheira... Doce e ácida dependendo dos temperos... Dura

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Dai Graças!

Dai graças ao alimento matinal vampira!
Se do homem sorve o suco enquanto o pobre ainda dorme, dai graças!
Se lhe é concedido o leite que embriaga enquanto quente, dai graças!
Se do Olimpo, mesmo que à  revelia, vem tua porção de ambrosia, dai graças!
Dai graças vampira!
Quando lhe é negada a dose, o seu dia não tem vida!
Dai graças Vampira Perdida!


Z.O.







segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Um encontro no largo

Com graça desce à fonte, plena e calmamente...
Cantarola os versos de um poeta morto...
Caminha pelo largo e distraídamente
remexe suas carnes de um lado pro outro.

Sem medo avista o incubo sob o sereno ralo.
Afoita, namora com as sombras furtivas.
As sete sombras dos sete falos!
As sete sombras das sete línguas!

E já demente de lascívia e vício,
dilacera-se a alma, rasga-se perdida!
E tendo findado, o demônio, o ofício

Já terno e doce lambe cada ferida...
_És um cão!_ ela diz, reconhecendo-o agora.
_Quantas vezes nos vimos nos sonhos de outrora?

Z.O.




terça-feira, 11 de dezembro de 2018

"A musa" ou " "O gato"

Procurei-te musa, em todo o maldito breu,
E cheguei até à ver-te  nesses corpos descartáveis...
Da ânsia de escrever-te umas linhas respeitáveis,
entreguei-me. Tão doente, descuidada, que o verso percebeu...

Dei-me aos cães. E Até aos furtivos ratos
espreitados nos bueiros escrevi alguma rima
Uma vez um quase lobo e uma ave de rapina.
Outra, um verme descabido de desejos tao baratos..

Mas agora, Oh doce musa, o soneto soa fácil,
em teu corpo tem morada toda a luz da criação.
Dentre os becos, deslizante, encontrei-te, oh dúbio gato, 

já perdido, já rasgado,
com o corpo rabiscado,   
sorrateiro deu-me a mão...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

...que assim seja e assim se faça...


Que  nosso desejo se  transmute em versos de poemas sujos dos livros que as moças se escondem pra ler.
Que dessas linhas exale o cheiro do exílio em que nossos corpos sem aviso se  foram perder.
Que meu grito seja uma ode...
E que o gozo apesar de delírio possa ser também um soneto...

Que assim seja, porque quando, ou se, chegar o dia em que eu não sinta mais as cócegas que me fazem seu bigode,
poderei tê-lo em úmidas rimas.
E assim serei eu
a moça com o livro escondido...

Z.O










segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Hominis Vermis...


Tu que te moves em dúbios passos,
e da alta covardia faz valor...
Senta-te!

Tu que manobras nas sombras
e na lama chafurda feliz...
Regozija-te!

Hoje, qual rato na vala,
tu, púnico verme, te vales
dos mais escusos meios...
Pois guarda que a hora não tarda!

E antes que te enfades da pérfida trama
Ele virá...
O retorno trajado de lei...
E ordenará:
_ Levanta-te!
_ Há trabalho!
_Colhe tua horta podre
e desvia-te, se puder,
dos escarros que lançarão teus pares!

Zeldir Oliveira






quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Me lapidatis


Eu, estanque, indelével...
De densidade tanta,
e de tão pesada inércia,
que o eco surdo ouço.
Eu, prostrada posso.
E no amparo cômodo,
da cegueira estática,
Tal excalibur, controlo,
cada quark...
assim...

Z.O.

segunda-feira, 7 de março de 2016

...

Levarei sim,
os lençóis velhos!
Levarei sim!
E tu bárbaro!
Dormirá sobre o pano!
Pois não foi por engano,
que encharquei-os de mim!
Z.O.