Louca, vegetariana, filósofa, poetisa e cozinheira... Doce e ácida dependendo dos temperos... Dura

quarta-feira, 30 de abril de 2014

... amor e sangue...

 " Todo dia o mesmo sangue derramado,
     todo dia o mesmo amor silenciado..."
                 





Com a boca amordaçada,
e os sentidos deturpados,
coze a cozinheira.

Um boi morto na bancada?
as suas partes decepadas,
tempera a cozinheira.

Corta a carne cozinheira!
Limpa o sangue cozinheira!

Com a alma estraçalhada
e as mãos já calejadas,
vive a cozinheira.

Seu desejo estrangulado,
um amor tão esperado...
... ah!... pobre cozinheira...

Sufoca a voz cozinheira!
Engole o choro cozinheira!

(Zel Oliveira)

domingo, 27 de abril de 2014

"Cheiro de livro é poesia pros meus ouvidos..."
                                     (Z.O)

Sobre o fim...

Se vieres à noite,
e eu estiver dormindo...
Vou ouvir sua voz:
"_Acorde meu bem...
...sinta meu gosto..."
Estarei dormindo nua,
pra sentir sua pele fria...
Doce será seu beijo...
E macios seus cabelos...
Me devorarás aos poucos,
com pequenas mordidas...
A cada beijo,
parará o tempo...
por segundos,
pequenos segundos...
Vou saboreá-la...
Depois voltarei ao sono...
Diluída em puro éter...


(Zel Oliveira)

...

Antes que me deite...
Que me perca em pensamentos...
Que caia em meus sonhos...
Antes que fuja,
dos medos, das neuras,
em vícios letais...
Antes que eu beba,
antes que eu fume,
diversos sabores...
Quero que venha,
doente, macio,
perdido em meus braços,
cansado, vazio...
(zel Oliveira)

...

Invisível e calada,
como a morte ela observa...
Insensível e sozinha,
como um gato, vaga...
Quem ousaria entende-la,
aquece-la, ama-la?
Se como um presságio ruim,
Assola, assusta, apavora?
(Zel Oliveira)

Sobre Gaia

A mãe me mostra asas de fada e um siri morto,
Me mostra que a chuva a obedece...
Um siri vivo e uma gaivota, viva.
Mas derruba sem dó o tronco torto!
Conchas ônix, madrepérolas e furta cor...
Água que brota do chão e molha...
Um urubu matando a fome e mais água...
Que leva e limpa, inodora e incolor...
Microvidas e macromortes nos dá a Deusa,
que inofensivamente vive e desesperadamente mata!
Dá no ouro a vida... e a morte pela prata!
E nos pede pouco ela, a Deusa,
Pede ajuda e algum respeito...
A nós pobres, pobres seres...
que usufrutam do seu leito!
(Zeldir Oliveira.)

...

Como se pouco,
beijo-lhe a face,
envolvendo nas mãos,
seus leves cabelos...

Como se pouco,
olho-te os olhos,
perdendo a razão,
no verde infinito...

Como se nada,
deito ao seu lado,
alisando-te o corpo,
d'alvíssima pele...

Como pouco ou nada,
liberto-te enfim,
poupando o futuro,
dos males, amor!

Zel Oliveira

...



Se eu sentir sua tristeza,
minha essência se transforma...
Se eu tocar em seus cabelos
e cheirar a sua nuca, ah!...
Teu lamento me consome!
E ouço seus gritos!
E sinto suas dores!
As dores de amores,
e as vozes de adeus!
E se beijar sua boca, meu Deus!
Esqueço quem sou!
Das coisas que sei,
desisto na hora!
Nas coisas que sinto,
Um éden aflora!

Zel Oliveira